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No Dia Internacional dos Povos Indígenas a Santa Casa é um dos hospitais de referência para os índigenas de várias etnias

Criado em 1995, pela ONU, o Dia Internacional dos Povos Indígenas busca garantir autodeterminação e os direitos humanos às diversas etnias indígenas do planeta. O dia 09 de agosto busca garantir condições de existência minimamente dignas aos povos indígenas, principalmente no que se refere aos seus direitos à autodeterminação de suas condições de vida, entre as quais a cultura e a garantia aos direitos humanos.

A Santa Casa do Pará, no decorrer dos anos, tem sido um espaço de referência no atendimento à saúde dos povos indígenas. A instituição abraçou essa causa pela importância do envolvimento profissional no atendimento e criar uma maneira de melhor receber os povos etnicamente diversos.

O que reforça a necessidade de se ter profissionais de saúde preparados para lidar com a diversidade cultural desse público, garantindo uma assistência adequada e eficaz. A Fundação Santa Casa é um pólo permanente de atendimento para os povos indígenas de todo o Pará, em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

“São muitas culturas diferentes. A gente sente essa necessidade no acolhimento e atendimento desses povos, que não são só indígenas, envolve quilombolas, população ribeirinha”, informa Valéria dos Santos, coordenadora de Pós-Graduação da Fundação Santa Casa.

Nos últimos anos, por conta de aplicação de legislações específicas e reformulação de protocolos, pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da Santa Casa contam com equipes multiprofissionais super especializadas, o que representa um avanço em termos de tratamento.

“É importante mostrar para toda a sociedade que não é só o médico que atua no trabalho em uma UTI. Existe toda uma equipe na linha-de-frente e na retaguarda para atender esse paciente”, explica a médica intensivista Nelma Machado, coordenadora da área de UTI Adulta.

Das equipes fazem parte, além de médicos e enfermeiros, especialistas como assistentes sociais, dentistas, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e técnicos em enfermagem.

“A gente cria grupos de assistência individualizada todo dia, na beira do leito. É a equipe de referência ao lado do doente para que a gente consiga redobrar esse cuidado com o paciente e nesse olhar individualizado a gente faz o atendimento aos povos indígenas e a outros grupos de maneira a respeitar suas crenças e direitos de respeito às suas culturas. O atendimento é uma rotina que busca o interesse maior de cada paciente”, destaca a médica.

Relevância indígena –  Em 2018 e 2019, foram realizados mais de 200 atendimentos a pacientes de origem indígena, de 15 diferentes etnias. Em 2020, mesmo com toda a complexidade exigida pelo contexto da pandemia, a área ambulatorial do hospital atendeu mais de 150 indígenas, de vários municípios paraenses e das mais diversas etnias. E neste ano de 2023 já foram feitos mais de 70 atendimentos no hospital das etnias: Kayapo, Tembe, Assurini, Arara, Xicrim, Kaapor, Amanaye e Arawete.

No primeiro semestre deste ano, a então residente de medicina, Ana Paula Tembé terminou sua residência médica em obstetrícia na Santa Casa. Ela aprimorou sua formação profissional, a primeira em sua Comunidade indígena. Nascida na aldeia Tapi’ir Uçu, em Capitão-Poço, nordeste do estado, foi uma das médicas residentes de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Pará (Ufpa), em convênio com a Fundação Santa Casa.

Em uma entrevista dada à Ascom da Santa Casa, a médica Ana Tembé relatou que enfrentar os problemas alheios de saúde e ajudar na cura das pessoas foram experiências conhecidas por ela, pois sua avó, Fátima, era parteira e curandeira consagrada, e o avô materno, Antônio, fez tratamento de saúde na Santa Casa, por problemas crônicos no fígado.

Os avós sempre foram pessoas fundamentais na trajetória da jovem. O incentivo para seguir no ramo da Saúde, por exemplo, foi reforçado pelo outro avô, o cacique da aldeia Ita Putyr, Pedro Teófilo. “Eu juntei muitas inspirações e muitas batalhas para estar aqui, hoje, sendo a primeira médica da minha Comunidade e, ainda, me formando em Obstetrícia, uma atividade abençoada na nossa cultura, na herança afetiva que carrego e represento”, diz Ana Tembé.

A jovem médica vê a associação do conhecimento tradicional com a ciência formal como uma vantagem, não um fator limitante. “Na visão dos nossos processos de acolhimento e cura, reconhecemos que não podemos tudo, que precisamos da medicina, do mesmo jeito que a medicina reconhece que não consegue tudo. São saberes que se completam”, opinou Ana Paula Tembé.

Ascom – Fundação Santa Casa do Pará

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