Representantes do Ministério Público, do Legislativo estadual, da Seduc e da Cruz Vermelha de Belém e do Rio de Janeiro conheceram o trabalho do Espaço Acolher
A Fundação Santa Casa que é referência materno-infantil de média e alta complexidade, conta com uma equipe multiprofissional atuando em várias especialidades, entre as quais o Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamentos (Paives), com atendimento no hospital e amparo no Espaço Acolher, da instituição.
Para fortalecer o trabalho de combate ao escalpelamento, os técnicos do Espaço Acolher reuniram nesta terça-feira (13), com os representantes do Ministério Público Estadual (MPE), da Assembleia Legislativa (Alepa) e da Seduc (Classe Hospitalar), onde foi apresentado o Paives e o funcionamento da área de acolhimento. Segundo Luzia Matos, gerente do Espaço Acolher, o objetivo do Ministério Público é criar um projeto de prevenção para os acidentes de barco que levam ao escalpelamento e ainda um projeto de Lei Estadual, para garantir a fiscalização e controle pelos municípios das embarcações.
Ainda dentro da metodologia de trabalho, a gerência do Espaço Acolher reuniu com representantes da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro e Belém, que vieram conhecer o trabalho desenvolvido pelo estado, no atendimento às vítimas de acidentes com as embarcações. Na ocasião informaram que pretendem montar uma rede de apoio para primeiros socorros e assistência psicossocial aos acidentados e seus familiares.
Espaço Acolher – Criado para garantir o atendimento psicossocial às vítimas que passam meses na capital paraense enquanto aguardam cirurgias reparadoras ou outros procedimentos para melhorar o estado clínico e psicológico, o Espaço Acolher, mantido pelo Governo do Pará, por meio da Fundação Santa Casa de Misericórdia, também recebe acompanhantes das vítimas, quando necessário.
Atualmente, o governo do Estado assegura atendimento às vítimas de escalpelamento por meio do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas, cujo fluxo inclui unidades básicas de saúde, unidades de urgência e emergência, Hospitais Regionais e a Fundação Santa Casa do Pará, através do Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento.
Eixos sem proteção – O escalpelamento é o acidente provocado pelo eixo do motor de pequenas embarcações. Por conta da falta de proteção no eixo, as vítimas – a maioria mulheres -, ao se aproximarem do motor, têm os cabelos arrancados, muitas vezes lesionando outras partes do crânio. Desde 2009, uma lei federal tornou obrigatória a proteção do eixo do motor. No entanto, apesar da fiscalização, embarcações ainda trafegam pelos rios da Amazônia com o eixo exposto.
A perda do couro cabeludo em embarcações, em geral, acontece quando o eixo do motor de uma embarcação é descoberto. Sem proteção, os fios do cabelo são enrolados ao eixo, arrancando assim de forma total ou parcial o escalpe.
Cirurgias reparadoras são feitas, mas o cabelo não nasce mais. Há casos em que as vítimas também perdem inclusive orelhas, sobrancelhas e por vezes uma enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves e até a morte. A maior parte das vítimas é morador de comunidades ribeirinhas, onde o barco é o principal meio de transporte.
Por Samuel Mota (SANTA CASA)