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Obstetrícia da Santa Casa alerta sobre o cuidado com o diabetes gestacional

Maior maternidade do estado do Pará com atendimento anual de 35 mil mulheres, na área de urgência e emergência obstétrica, alerta sobre o diabetes

Atualmente, aproximadamente 415 milhões de adultos apresentam Diabetes Mellitus (DM) em todo o mundo e 318 milhões de adultos possuem intolerância à glicose, com risco elevado de desenvolver a doença no futuro. O DM e suas complicações estão entre as principais causas de mortes na maioria dos países.

Segundo a médica obstetra Carla Haber, a proporção de óbitos é ligeiramente maior em mulheres do que em homens. O gasto com DM, na maioria dos países, varia entre 5% e 20% das despesas globais em saúde. “O principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 e de síndrome metabólica é o antecedente obstétrico de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)”.

“Nesse contexto, a hiperglicemia durante o ciclo gravídico-puerperal constitui um relevante problema da atualidade, não só pelo risco de piores desfechos para o recém-nascido e de desenvolvimento de doenças futuras, como também pelo aumento de sua prevalência, em decorrência da epidemia de obesidade que tem sido observada em vários países”, informa a médica.

Carla Haber esclarece que segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013), a prevalência de excesso de peso entre a população brasileira adulta é de 56,9% enquanto que a de obesidade chega a 20,8%. Estima-se que aproximadamente 58% dos casos de DM, no Brasil, sejam atribuíveis à obesidade, cujas causas são multifatoriais e relacionadas à má alimentação e aos modos de comer e viver da atualidade.

“Observa-se nos últimos anos um aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, em especial as bebidas açucaradas, cujo consumo tem-se mostrado associado ao desenvolvimento do excesso de peso e DM, tanto pré-gestacional como gestacional. A hiperglicemia durante a gestação também afeta os filhos dessas mulheres aumentando os riscos dessas crianças desenvolverem obesidade, síndrome metabólica e diabetes na vida futura gestacional”, pondera Carla Haber.

Cuidados – Toda gestante necessita ser rastreada para o diabetes na primeira consulta de pré-natal e caso tenha seu rastreamento positivo deve iniciar imediatamente mudanças de estilo de vida como alimentação balanceada, elaborada com o auxílio do nutricionista e prática de exercício físico.

Segundo informa Dra Carla, o tratamento abrange não somente a modificação de hábitos de vida, mas também o uso de medicamentos hipoglicemiantes e, em alguns casos, a administração de insulina. O exercício desempenha um papel fundamental na gestão dos níveis de glicose no sangue. Para combater o sedentarismo, é aconselhável que a paciente incorpore atividades físicas de forma moderada, praticando pelo menos 30 minutos, cinco vezes por semana, ou 50 minutos, três vezes por semana.

“A combinação de exercícios aeróbicos, como caminhadas ou corrida, com exercícios de resistência, em particular a musculação, é altamente recomendada associada a uma dieta pobre em açúcares e alimentos processados e ultraprocessados. O consumo de carnes magras, frutas e legumes contribui para a manutenção do peso, tratamento e prevenção da doença”, destaca a médica.

As consultas de pré-natal devem ser mais frequentes e essas gestantes devem ser seguidas em unidades de referência para gestação de alto risco. Para a vigilância do bem estar fetal é indicado a contagem dos movimentos fetais pela mãe e exames específicos como a ultrassonografia morfológica, obstétrica e o perfil biofísico fetal.

Para a médica Iasmim Maia, da área obstétrica Santa Casa, prevenir diabetes gestacional ou qualquer outra patologia inerente à gestação, é importante a realização de um pré-natal adequado, bem acompanhado, consulta com enfermagem, consulta médica, consulta com a equipe multiprofissional.

“Falando um pouco sobre os exames realizados para rastreio e controle do diabetes gestacional, no primeiro trimestre o exame preconizado é a glicemia de jejum. No segundo trimestre, em média, a partir das 24 semanas, é o teste de tolerância oral à glicose, que é um pouquinho chato, mas deve ser feito. À medida da glicemia em jejum, você ingere um conteúdo adequado. Uma e duas horas depois, a glicemia é reavaliada. No terceiro trimestre, normalmente, a gente costuma rastrear com glicemia de jejum”, informa a médica.

Outra forma também de prever. É o controle adequado do peso, a gente orienta para as nossas gestantes que em média ela engorde até um quilo por mês, isso é uma aproximação. Se mantém ativa, com alimentação saudável, fazendo atividade física regular, que é importante.

Dicas – Ismim Maia esclarece sobre a alimentação pobre em carboidratos. “Olha a palavra pobre, não significa que ela não possa ingerir, mas ela deve ingerir com cuidado, certo? Segundo, atividade física, porque na atividade física ela se mantém ativa, ela consome o que ela comeu e ajuda a controlar as taxas glicêmicas. Terceiro, terapia medicamentosa, seja ela insulina, seja ela metformina, o paciente deve seguir as orientações médicas e esclarecer as dúvidas”.

E, por fim, realizar os exames de controle, a glicemia capilar, que é o furo do dedinho de forma regular em casa, para ver como é que está o ajuste da medicação, para ver como é que está o controle glicêmico em relação à alimentação.

“É importante o controle e a devolutiva médica, ou seja, o paciente anota, leva para o pré-natal para o médico analisar como é que está esse controle. Além disso, os exames: as ultrassonografias, o controle do peso do bebê, o controle do líquido também é importante, porque o diabetes pode aumentar o líquido, ele pode impactar no peso do bebê. E é isso, pré-natal feliz, adequado, consulta médica adequada, paciente, atenciosa, é a base de um bom tratamento e controle”, destaca a médica.

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