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Setembro Verde: Santa Casa conscientiza sobre importância da doação de órgãos

Fundação é referência em transplante renal pediátrico e de fígado

Setembro é um mês dedicado ao reforço da importância da doação de órgãos e tecidos, com a campanha Setembro Verde. E, por conta de sua abrangência e universalização, a Santa Casa do Pará, que é um hospital transplantador, vai realizar uma programação especial com o objetivo de alcançar toda a sociedade com a temática ‘Você tem escolha! Seja doador de órgãos e comunique sua família!’.

Nelma Machado, médica intensivista e coordenadora, da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) da Santa Casa, destaca a importância da instituição como hospital transplantador, principalmente no mês de setembro, que celebra a conscientização sobre a importância da doação de órgãos.

“A Santa Casa do Pará, como um dos principais hospitais transplantadores do país, desempenha um papel fundamental neste processo, que além de realizar transplantes, a instituição também promove o acolhimento, o suporte para os pacientes e para suas famílias, garantindo que todo o processo seja realizado com qualidade, segurança e humanização. A participação da família é crucial no ato da doação de órgãos, e em muitos casos é ela que toma essa decisão de doar. Cabe à família, e é por isso que o diálogo aberto e o entendimento da importância desse ato pode salvar inúmeras vidas”, enfatiza a doutora Nelma.

Norma Assunção, diretora Técnica Assistencial da Fundação Santa Casa, destaca que a instituição abraçou o setembro verde e com a Central Estadual de Transplantes (CET) para dentro da Santa Casa foi um acerto importante. “Fazer a nossa equipe entender a importância que é a doação de órgão e trabalhar em função disso é fundamental. A gente precisa fazer a nossa equipe entender que quem está na ponta ou dentro da UTI possa reconhecer um potencial doador. E esse reconhecimento, essa conduta, esse diagnóstico e esse cuidado é um passo importante para a gente seguir adiante”.

“Hoje somos um hospital transplantador. Começamos com o transplante renal pediátrico, que estava dentro da instituição e que precisava ter esse olhar e conseguimos em 2019, com o trabalho de uma equipe de alto nível, iniciar o transplante renal pediátrico. E, a partir do ano passado, começamos a fazer nossos transplantes hepáticos, em adultos”, destaca a diretora.

Monick Calandrini, coordenadora da Clínica de Nefrologia Pediátrica da Santa Casa, informa que este ano, até o último mês de agosto, foram feitos 11 transplantes em pacientes renais crônicos pediátricos. “O que só reforça a importância da conscientização da população sobre a doação de órgãos. Nossa equipe é capacitada e habilitada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para transplante renal pediátrico”.

Contamos com três enfermeiras especialistas, quatro nefropediatras e uma equipe cirúrgica com três urologistas pediátricos. Todos esses profissionais foram capacitados em transplante renal pediátrico. Além de um urologista e um cirurgião vascular com mais de 15 anos de experiência em transplante renal. Deste modo a equipe se encontra apta e totalmente preparada para a demanda de doações necessária”, destaca Monick.

Rafael Romero Garcia, médico cirurgião, responsável técnico da equipe de transplante de fígado da Santa Casa relata que já foram feitos 13 transplantes até o momento. “Foram realizados quatro em parceria com o hospital Albert Einstein (SP) em 2023 e agora neste ano foram nove. Com sobrevida de 85%, acima da média nacional”.

“Os pacientes transplantados estavam bastante graves, e hoje levam uma vida normal. Conseguimos devolvê-los bem para  suas famílias e para a sociedade. É importante ressaltar que a doação é o principal ato que possibilita o transplante. Um ato de extrema generosidade e altruísmo, no momento mais difícil de uma família. No Brasil a doação só é possível com autorização dos familiares, por isso a família do potencial doador é o principal ator nesse processo”, destaca o cirurgião.

Ato de doar –  Rafael Garcia diz que atualmente a recusa de doação está entre 55% e 60%. “Por isso precisamos fazer campanhas e conscientizar a população. Podemos aumentar muito os transplantes apenas com a redução da recusa das famílias.”

A diretora da Fundação Santa Casa, Norma Assunção, afirma que um ponto importante é como conscientizar a população. “É necessário que cada um de nós possamos trabalhar com a nossa família, com nossos amigos essa conscientização quando teremos mais e mais doadores porque as pessoas engajadas tendem a ser mais favoráveis e interessadas no ato de doação. Essa conscientização é o nosso desafio. Sermos agentes dessa felicidade”.

Ana Gabriela, assistente social, que foi a primeira paciente transplantada de fígado na Santa Casa, relatou que há 15 anos foi diagnosticada com hepatite autoimune, “desde lá, comecei a perder minha qualidade de vida e de cinco anos para cá desenvolvi cirrose e tive muitas vezes que ser internada, inclusive nas Unidades de Terapias Intensivas (UTIs), estava muito ruim, bem debilitada’.

“Quando foi no dia 26 de fevereiro do ano passado me ligaram e disseram para vir para Santa Casa, que tinha um fígado para mim. Fui internada e uma equipe completa com excelentes profissionais fez minha cirurgia que durou algumas horas. Passei alguns dias internada e fiz uma evolução lenta nos três primeiros meses. Depois a minha qualidade de vida mudou completamente”, informou Ana.

Doação que salva – Com a temática: ‘Você tem escolha! Seja doador de órgãos e comunique sua família!’, relacionado ao setembro verde, cujo objetivo é reforçar a importância da doação de órgãos e tecidos, e que vai acontecer na sexta-feira (20), no Shopping Pátio Belém, das 10h às 20h; e no dia 27/09, no auditório e na pracinha da Santa Casa,  ações solidárias que tem o compromisso com a causa, ensinando mais a população sobre o processo de doação de órgãos.

Para a médica Nelma Machado, a programação do Setembro Verde na Santa Casa, é fundamental no reforço à sociedade que tem um papel indispensável. “É por meio da informação e da conscientização que podemos aumentar o número de doadores e transformar o futuro de muitas pessoas que aguardam na fila de transplante no país inteiro. E a Santa Casa além de participar das atividades do Estado, vai proporcionar um nível de conscientização por meio de palestras, atividades voltadas à educação da população  em locais públicos, além das UTIs, unidades voltadas à hemodiálise pediátrica e às enfermarias que recebem os pacientes de transplante. O objetivo maior é reforçar o compromisso da instituição com a saúde e a vida, incentivando cada vez mais pessoas a se tornarem doadoras e assim contribuir para salvar mais vidas”.

Foram realizados na Santa Casa 34 transplantes renais pediátricos (desde o ano de 2019) e 13 transplantes de fígado (desde 2023). Atualmente 35 crianças aguardam pelo transplante de rim e dez pacientes atendidos pelo ambulatório de hepatologia estão na fila por um transplante do fígado.

“Um doador pode ajudar a salvar até seis vidas e eu procuro passar isso para os meus amigos e meus familiares e já consegui convencer algumas pessoas a se declarar doadoras. Na minha igreja eu sempre falo que Jesus disse que ‘Não há maior amor do que dar a sua vida pelo seu próximo´ e ser um doador de órgãos é dar vida!”, conclui Davi Elyasafe, que também acompanha seu filho na terapia renal.

Para a enfermeira Solandia Oliveira, que integra a equipe da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgão e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), conversar sobre doação é desmistificar o tema. “Precisamos estimular que as pessoas possam expressar o desejo de serem doadoras, sensibilizando dentro da família, porque quem diz o ‘sim’ para a doação, depois que é constatada a morte encefálica, é a família, e por isso essa conversa e o esclarecimento de todo esse processo, que é muito rigoroso, precisa ser feito sempre em todos os lugares”.

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