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Referência na Gravidez de alto risco, Santa Casa orienta sobre cuidados com a hipertensão na gestação

“Gosto muito de peixe salgado e outras comidas com muito sal. Os meus pais são hipertensos, então acho que tudo isso pode ter feito com que eu também tivesse”. A declaração é de Valnice da Silva, de 39 anos, que está na 30ª semana de gestação e há mais de uma semana está internada na enfermaria de alto risco da maternidade da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) por conta da hipertensão.

A pressão alta na gestante pode ser causada por vários fatores prévios à gestação, como o histórico familiar, hipertensão crônica, idade da gestante, diabetes, entre outros. O estilo de vida da grávida também tem bastante relevância para a prevenção ou controle da doença, explica a nutricionista clínica da Secretaria de Saúde do Estado (SESPA), Sandra Figueiredo.

“Nessa fase é importante realizar mudanças de estilo de vida para prevenir ou controlar a hipertensão, já que o consumo elevado de produtos industrializados e com excesso de sódio pode aumentar o risco de desenvolver a doença e suas complicações.

Os distúrbios hipertensivos, quando associados à obesidade, sobrepeso e alimentação inadequada se tornam mais graves. Dessa forma, é imprescindível que mulheres que planejam engravidar ou que estejam grávidas realizem uma alimentação adequada, aumentando o controle e prevenção da hipertensão gestacional”, detalha.

Para a obstetra Marília Luz, que gerencia a maternidade da Santa Casa, tanto a prevenção da hipertensão quanto os cuidados a fim de se evitar as complicações da doenças podem ser alcançados quando a gestante realiza o pré-natal de forma adequada.

“Quando a gestante faz um bom pré-natal, ela é orientada sobre a dieta adequada, a importância da atividade física, mesmo durante a gravidez, e caso ela receba o diagnóstico de hipertensão, também já terá acesso aos medicamentos. Se diagnosticada adequadamente e tratada, é possível se evitar as complicações que a pressão alta pode causar tanto para a gestante, quanto para o bebê”, afirma Marília.

Entre os riscos da hipertensão na gestação, para a grávida, estão o acidente vascular cerebral (AVC), infarto, a síndrome Hellp (distúrbio grave que leva a disfunção hepática e alterações na coagulação), eclâmpsia (que causa convulsões) e até o óbito materno. O bebê da mãe com hipertensão na gestação pode ter restrição de crescimento, baixo peso, entrar em sofrimento ainda no útero, nascer prematuramente e até ir a óbito. Para se evitar esse desfecho que coloca em risco a vida da mãe e do bebê, em algumas situações o parto pode ser antecipado.

Referência Estadual – Como hospital de referência para a gestação de alto risco, a Santa Casa oferece o acompanhamento interdisciplinar das gestantes de alto risco que apresentam pressão alta, desde o pré-natal até a internação.

Atualmente, só na Urgência e Emergência Obstétrica (UEO) do hospital são atendidas por mês cerca de 1200 pacientes com hipertensão, seja crônica, quando a mulher já é hipertensa e engravida, quando ela é acometida na gravidez pela Síndrome Hipertensiva Específica da Gravidez (SHEG).

Esse número de pacientes hipertensas representa 40% do total de atendimentos da UEO, sendo a hipertensão a principal doença que leva as gestantes a procurar ou serem encaminhadas para o setor.

O diagnóstico de hipertensão arterial na gravidez é feito quando a pressão da gestante é igual ou superior a  14 por 9 (140/90 mmHg). A incidência da hipertensão na gestação varia entre 5% a 10% das gestantes.

Na Santa Casa, por conta da referência em gestação de alto risco, esse percentual é mais elevado e também é uma das principais causas de encaminhamento para o serviço de pré-natal de alto risco, onde as pacientes recebem acompanhamento de médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais e outros profissionais para uma intervenção multidisciplinar.

Em caso de necessidade de internação, a Santa Casa ainda conta com enfermarias de alto risco, onde a paciente recebe todos os cuidados necessários para a estabilização da pressão, além do monitoramento de outros  sinais vitais da gestante e do bebê, como explica a enfermeira Adriana Veloso.

“As técnicas de enfermagem verificam a pressão da gestante de 4 em 4 horas, também são avaliadas a temperatura, frequência respiratória e frequência cardíaca. Além disso o bebê também é monitorado, sendo realizada a ausculta dos batimentos e a cardiotocografia, que avalia os movimentos e a frequência cardíaca do bebê”, informa a enfermeira.

Além dos cuidados médicos, as pacientes recebem uma dieta adequada ao seu estado clínico e sempre com baixo teor de sódio, ou seja, com quantidade reduzida de sal, como explica a nutricionista Ciléa Ozela, gerente de nutrição da Santa Casa.

“Então, aqui na Santa casa na produção nosso trabalho gira em torno de evitar o máximo alimentos industrializados onde tem o “sal oculto” como conservante : como temperos completos, enlatados , molhos e etc., seja ele para uso para para pacientes hipertensos ou não. Este rigor fica ainda maior para os pacientes com hipertensão. Na verdade, os alimentos com alto teor de sal não fazem parte de nosso padrão.”, destaca a nutricionista, que há mais de três décadas atua no hospital.

Os cuidados com a alimentação da gestante pode ser um exemplo para a população em geral que sofre ou que busca prevenir a hipertensão.

A nutricionista clínica da SESPA, Sandra Figueiredo, lista esses cuidados, que além da dieta incluem, atividades físicas e outros hábitos saudáveis. “É essencial adotar um estilo de vida saudável, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e praticar atividades físicas regularmente. Na alimentação, é importante evitar o consumo de alimentos ricos em sódio, como: carnes processadas, bacon, carne-seca, nuggets; enlatados, queijos, temperos prontos, molho de soja, molho inglês, ketchup, mostarda, maionese, extrato concentrado, temperos prontos, amaciantes de carne e sopas desidratadas. Além de lanches industrializados como chips, batata frita e salgadinhos”, explica.

Ao invés de alimentos industrializados, é importante consumir diariamente alimentos frutas, verduras e legumes, que são fontes de vitaminas, minerais, fibras e outros nutrientes essenciais.

 

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