Santa Casa reforça estratégias de prevenção à mortalidade materna

No Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna, estimado nesta sexta-feira (28), a Fundação Santa Casa do Pará (FSCMPA), maior maternidade pública da região norte do Brasil, vem se destacando nos últimos anos na aplicação de ferramentas, capacitações e procedimentos para minimizar riscos e focar em prevenção sobre aquelas listadas como as três principais causas de morte: hemorragia, síndromes hipertensivas e sepse.

“Nós temos uma proposta conjunta, de Governo do Estado, que é fortalecida como diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde), de redução da mortalidade maternidade, de eixo nas mortes evitáveis, qualificação das equipes nisso, no olhar assistencial, na nossa equipe multidisciplinar; reconhecer uma paciente com alto risco de morte e tratar precocemente. É o reforço de que as mulheres engravidam para ter filhos, e não para morrer. Nós queremos contribuir para o fortalecimento para a rede de atenção à mulher grávida”, conclama a diretora técnico-assistencial da Santa Casa, Norma Assunção,

De 2018 até 2021, ações como o projeto Parto Adequado, e na perspectiva do Pacto pela Redução de Mortalidade Materna, lançado em 2019 pelo Governo do Estado, vêm pouco a pouco estabilizando e reduzindo índices, bem como fortalecendo a orientação do pré-natal e consolidando protocolos de emergência mais direcionados.

Parto Adequado

O Projeto Parto Adequado, uma incorporação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com o apoio do Ministério da Saúde (MS), a partir do hospital Israelita Albert Einstein e do Institute for Healthcare Improvement (IHI), é um dos carros-chefes.

A Fundação Santa Casa aderiu ao Programa no final de 2018 e já apresenta práticas de scores e tratamentos diferenciados, como a Aplicação da Escala de Robson, que reinterpreta o quadro clínico de uma gestante em emergência.

“Estamos executando uma terceira fase do Parto Adequado, agora com uma proposta mais autônoma, mas seguindo as diretrizes do modelo original. O objetivo é consolidar a implementação da metodologia em toda a equipe em um nível de pelo menos 95%, de forma a agregar e consolidar. Podemos dizer que hoje o Parto Adequado já transformou a dinâmica de urgência e emergência obstétrica da Santa Casa e oferece muito mais segurança às gestações e às gestantes”, aponta a Líder do Projeto, a enfermeira obstétrica Clélia Salustrino, assessora da Gerência Geral de Enfermagem da Linha Materno-Infantil.

 

Pré-Natal 

A questão do pré-natal também é determinante na prevenção da mortalidade tanto fetal, quanto materna, porque identifica de antemão quaisquer anormalidades e permite tratamento e intervenção precoces.

Atualmente, o Ambulatório da Mulher da Santa Casa realiza o pré-natal de pelo menos 450 mulheres com gestação de médio e alto risco. A dona-de-casa Klarleice Claudia Almeida, 24, moradora do bairro do Guamá, em Belém, sofre de crises epiléticas e por conta disso toma remédios controlados, o que torna a gestação da primeira filha, Laura Letícia, de alto risco. Soma-se a isso um quadro de hipertensão e sobrepeso.

O pré-natal na Santa Casa desde dezembro do ano passado lhe confere tranquilidade, diz Klarleice. O parto está previsto para o próximo 2 de junho.

“Comecei o acompanhamento aqui e não tive nenhuma intercorrência. É tudo completo. Me sinto segura e bem assistida”, conta.

Vidas Salvas

Anna Kássia Ferreira, moradora do bairro da Pedreira, na capital, sempre quis ter filhos. Portadora da Síndrome do Ovário Policístico (SOP), submeteu-se a tratamento por mais de meia década. Em 2020, em plena pandemia, ela e o companheiro, Reginaldo, foram surpreendidos com a notícia da gravidez.

O casal, porém, enfrentou mais do que o panorama do coronavírus: aos 31 anos, a gestante precisou passar por uma cesariana, quase perde o útero depois de uma atonia uterina imprevisível e superou tanto uma grave hemorragia, quanto um quadro infeccioso. O bebê, Miguel Luís, que nasceu no último dia 13 de maio e agora já recebeu alta, precisou de cuidados semi-intensivos.

“Não sei como definir a gratidão. A Santa Casa salvou minha vida, salvou a vida do meu bebê, salvou meu corpo. Fui atendida imediatamente. Foi tudo muito rápido”, emociona-se Ferreira ainda internada na enfermaria, recuperando-se, acompanhada da mãe, a dona-de-casa Rosa de Fátima (59).

De acordo com a enfermeira obstétrica Régia Cristina Alves, que faz parte da equipe de atendimento responsável pela paciente, o atendimento humanizado é uma das ferramentas de gestão: “A gestação é um evento social, humano, e infelizmente complicações podem ocorrer. O atendimento humanizado, acolhedor, é um preparo que nossas equipes estão prontas para essas famílias aqui no Hospital, porque a vulnerabilidade é muito grande”, explica.

Texto: Aline Miranda

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