Em alusão ao novembro roxo, mês da conscientização sobre a prematuridade, a Santa Casa do Pará iniciou, na ultima quinta-feira (5), a implementação do protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido (RN) como mais um aprimoramento da atenção humanizada ao RN de baixo peso.
Para Ana Tereza Araújo, coordenadora da residência multiprofissional da Santa Casa, o protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido é produto da residência multiprofissional, sendo também o retorno que a instituição dá à sociedade. “O aprendizado que o residente adquire durante a especialização com trabalhos, pesquisas e atividades complementares, por isso esse protocolo é um produto da própria Residência Multiprofissional da Santa Casa, e vai impactar diretamente na assistência aos nossos recém-nascidos prematuros de baixo, pois uma manipulação inadequada pode trazer consequências para a vida toda dessa criança”.
Esse protocolo é resultado de uma pesquisa estabelecida em três etapas que envolveu até o momento noventa profissionais da equipe multiprofissional da neonatologia, dois residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher e da Criança (Alexandre Aguiar Pereira e Euriane Castro Costa), um acadêmico de enfermagem (Akyson Zidane Merca Silva), a orientadora da pesquisa Andressa Tavares Parente e a tutora da residência e método canguru Auxiliadora Pantoja Ferreira de Vilhena (ambas enfermeiras da instituição com atuação na neonatologia).
A enfermeira residente, Euriane Castro Costa, explicou que o protocolo é focado nas primeiras 96 horas de vida do recém-nascido, que é quando ocorre o maior número de hemorragias cranianas, mas antes de ser implementado na instituição precisa passar por algumas etapas. “Essa é a conclusão do meu trabalho de residência, que para ser implementado precisa passar por três etapas de pesquisa. A primeira etapa começou em 2018 com a proposta de criação de um protocolo de manuseio do recém-nascidos feita pelo residente Alexandre Pereira. A validação do documento, que é a segunda etapa, foi feita por outro residente sob orientação da professora da UFPa, Andressa Tavares Parente. Agora estamos na terceira etapa dessa pesquisa, que é o treinamento da equipe na aplicação do protocolo, que vem ao encontro da finalidade da instituição, que é pautada na assistência, no ensino e na pesquisa”, conclui Euriane.
A enfermeira Auxiliadora Pantoja, tutora do método canguru que atua profissionalmente na Santa Casa há 20 anos, diz estar feliz com a implantação desse protocolo porque vai diminuir o tempo de hospitalização das crianças, e ressalta que a Instituição é referência estadual no Método Canguru. “Desde 2010 sou tutora do método canguru e estou muito satisfeita por estarmos apresentando, por meio da residência da instituição, esse projeto de implantação do protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido, que culmina com o Novembro Roxo, que busca sensibilizar a sociedade acerca da prematuridade”, ressalta Auxiliadora. “A implantação desse protocolo vai diminuir o tempo de internação desse bebê, uma vez que traz também orientações sobre a importância do aleitamento materno, que serve de aprendizado para a família cuidar dessa criança em casa”.
Para a enfermeira especialista em neonatologia, Sandra Natércia, que participou do treinamento, é importante a implementação deste protocolo porque ele dá respaldo a procedimentos que já são realizados para cuidar dos recém-nascidos. “Alguns procedimentos a gente já faz, mas temos que nos adaptar a algumas mudanças como o manuseio restrito que fazíamos de seis em seis horas, e agora faremos de oito em oito horas. O importante mesmo deste protocolo é que ele nos dá respaldo para muito procedimentos que já realizamos para preservar esses recém-nascidos, e assim garantir que seja mais uma criança saudável e produtiva devolvida à sociedade”, destaca a enfermeira.
Prematuros – No mundo, 15 milhões de prematuros nascem todos os anos, e 2,7 milhões morrem durante o período neonatal, com 75% de ocorrência na primeira semana de vida. No Brasil, 340 mil recém-nascidos nascem prematuramente a cada ano, o que equivale a 931 por dia ou a 6 recém-nascidos pré-maturos a cada 10 minutos. É alto o número de crianças que não sobrevivem ou ficam com sequelas.