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Espaço Acolher da Santa Casa recebe cabelos doados por menino de 9 anos

O Espaço abriga as vítimas de escalpelamento em tratamento, que perderam parcialmente ou totalmente seus cabelos no acidente com motor de barcos

Quando estava grávida de Pablo, seu segundo filho, Ana Paula de Oliveira Braga descobriu que o bebê tinha uma malformação congênita chamada de fissura labiopalatina, que afeta uma criança, a cada 650 nascidas no Brasil.

No caso de Pablo, a fissura era bilateral e afetava o lábio, a gengiva e o palato ( céu da boca), causando alterações estéticas e funcionais que prejudicavam a deglutição e a fala. A mãe contou que quando souberam do problema, ainda na gestação, ela e o marido tiveram dificuldades em aceitar a deficiência do filho.

“Foi muito difícil. Eu e meu marido ficamos tristes e não conseguíamos acreditar que aquilo estava acontecendo com o nosso filho e com a gente. Até que o Pablo nasceu e aos cinco dias de vida ele se sufocou. Nós tivemos que sair às pressas em busca de socorro pra ele e eu pedi tanto a Deus que não levasse o meu filho. Naquele momento o nosso sentimento mudou, a gente só queria que ele sobrevivesse, que ficasse com a gente”, lembra a mãe.

Pablo foi internado em estado grave e os pais perceberam o quanto já o amavam e queriam que ele se curasse. Então fizeram a promessa de que se ele sobrevivesse, eles não cortariam o cabelo do menino por dez anos, e que o cabelo seria doado para alguém que, por problemas de saúde precisasse, de um cabelo.

O pedido pela cura foi atendido e Pablo sobreviveu. A promessa de deixar os cabelos crescerem também foi cumprida. Hoje, o menino tem 9 anos e faz acompanhamento no Serviço de Referência em Fissuras e Anomalias Craniofaciais da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), onde, desde 2021, já passou por três cirurgias.

No ambulatório onde Pablo é atendido, os pais dele ficaram sabendo das pacientes vítimas de escalpelamento, meninas e mulheres que têm seus cabelos arrancados pelo motor de embarcações e são encaminhadas para tratamento na Santa Casa.

“Quando eu pedi pela vida do Pablo e fiz a promessa, eu também pedi que o cabelo pudesse servir para alguém que precisasse. Deu tudo certinho, ele tem nove anos e os cabelos vão ser doados para o lugar que atende as mulheres que perdem os cabelos naquele acidente de barco”, diz a mãe.

Na última semana, os pais decidiram antecipar o corte, porque os cabelos ficaram tão longos que já atrapalham o menino na hora de brincar e correr.

O corte e a doação foram feitos no Espaço Acolher da Santa Casa, que abriga as pacientes do interior, vítimas do acidente de escalpelamento pelo motor de embarcações durante os anos de tratamento.

Toda a família participou do momento de solidariedade e os cabelos de Pablo serão usados para a produção de uma peruca que será doada futuramente a uma vítima de escalpelamento.

“O cabelo que a vítima de escalpelamento perde no acidente não cresce mais, porque ela perde a base do couro cabeludo. Nós precisamos de doações de cabelos para a produção de perucas, mas nos últimos tempos essas doações diminuíram bastante. Por isso a gente espera que esse gesto da família do Pablo, que fez a doação dos cabelos, possa servir de exemplo para outras pessoas também fazerem a doação”, afirma a assistente social Luzia Matos, coordenadora do Espaço Acolher.

As doações de cabelos para o Espaço Acolher da Santa Casa podem ser feitas diretamente no serviço, que funciona na Avenida Alcindo Cacela, 555, esquina com a Rua Diogo Moia, em Belém. O telefone para contato é o 3237-9460.

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