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Santa Casa realiza primeira cirurgia no fígado por vídeo pelo SUS no Pará

 

Técnica oferece mais controle dos riscos de infecção e pode antecipar a alta em até metade do tempo

Pela primeira vez na história do Pará, um paciente será operado do fígado com a tecnologia de vídeo no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 

A cirurgia de hepatectomia videolaparoscópica está agendada para a manhã da próxima quinta-feira (22 de julho), na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), em Belém, com realização pela equipe especializada em fígado da Instituição. 

Em comparação ao procedimento convencional, no qual se faz uma longa incisão abdominal, a hepatectomia videolaparoscópica se utiliza de instrumentos específicos e multiprofissionais treinados para, por meio de pequenos cortes e uma microcâmera, oferecer mais controle do perigo de infecção subsequente, acelerar a recuperação do paciente e antecipar a alta em até metade do tempo, inclusive com chance de dispensa da internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no pós imediato.  

“A possibilidade de realizarmos cirurgias complexas de fígado por um método minimamente invasivo aproxima a Santa Casa dos grandes centros de referência e nos coloca na vanguarda da assistência a essas patologias. Mesmo no setor privado, são poucos os locais que dispõem desse tipo de abordagem”, aponta o responsável geral pelos serviços de fígado da Santa Casa, o médico Rafael Garcia.

O médico complementa: “O método apresenta resultados com menos complicações e permite recuperação mais rápida do paciente”, diz.  

Cirurgião do aparelho digestivo, Garcia é presidente do Capítulo Paraense do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestivo (CBCD) – mandato de 2021/2022, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Hepato Pancreato Biliar (CBHPB), membro da International Hepato-Pancreato-Biliary Association  (IHPBA), membro da International Liver Transplation Society (ILTS), membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e supervisor da Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo da Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). 

Paciente

O agricultor José Roberto Rosa, 48, vive na comunidade Jagarajó, às margens da Praia da Mangabeira, a 20km da sede do município de Ponta de Pedras, no Arquipélago do Marajó.

 A viagem para a capital Belém dura duas horas de barco sobre o rio Pará e o rio Guamá. 

O paciente mora com o irmão mais novo, Luciano Rosa, 37, em uma propriedade com roças de subsistência de mandioca, maxixe e milho. 

“Se dá, a gente vai pra cidade vender maxixe, mas o grosso mesmo é pra nossa alimentação”, esclarece Luciano. A família também pesca pescada amarela na praia, para consumo próprio.  

Com sequelas de paralisia infantil, contraída na época de criança, José Roberto recebe um benefício do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Adulto, descobriu ser portador de cirrose, motivada por alcoolismo, e de hepatite b. “De repente minha barriga inchou, inchou muito, e logo foi o resto do corpo”, conta. 

Havia parado por completo de beber quando começou o tratamento no Ambulatório do Fígado na Santa Casa, há quatro anos, pelo qual controla a hepatite b e monitora o quadro de cirrose.   

Em 2020, um exame de rotina acusou a presença de um câncer no fígado, associado à cirrose. O objetivo é que o tumor de três centímetros seja extirpado na cirurgia de agora. 

De acordo com o médico Rafael Garcia, a cirurgia é curativa do câncer sob uma expectativa em torno de 70%: “Considerando a evolução mais positiva, a cirurgia durará cerca de quatro horas, o câncer será curado, esse paciente não necessitará ir para a UTI e sairá de alta em dois dias, bem como em duas semanas poderá retomar suas atividades habituais”, explica o cirurgião. 

Ele reforça, ainda, que a intervenção diminui a chance de o paciente precisar de transplante no futuro. 

José Roberto declara que confia bastante nas orientações e prescrições da Santa Casa: “Em relação à cirurgia, me sinto muito animado e esperançoso. Tenho certeza de que tudo vai dar certo e de que vou melhorar minha disposição, superar esta fraqueza que me acomete”, anseia.  

Uma outra vantagem da técnica de cirurgia por vídeo, ainda, é que, no caso de pacientes com cirrose, há considerável redução do risco de descompensação da inflamação. 

Referência

A Santa Casa é referência estadual em tratamento de doenças hepáticas desde 2012, com certificação pelo governo federal. 

Depois de inaugurar uma enfermaria exclusiva para esse tipo de atendimento em 17 de junho deste ano, o Hospital deve iniciar transplantes em agosto, a partir de indicação, em 2019, pelo Ministério da Saúde (MS), como Centro de Transplante de Fígado do Estado.  

A primeira hepatectomia videolaparoscópica inaugura o acesso de qualquer paciente da Santa Casa à tecnologia, a depender de indicação clínica.

“Vamos ampliando as indicações para cirurgias maiores”, informa Rafael Garcia.

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