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Santa Casa inova na Região Norte com ferramenta de gestão eletrônica de causas de internações prolongadas

Primeiro gestão eletrônica de leitos do Pará e um dos 10 projetos finalistas do 2º Prêmio Inova Servidor, do Governo do Estado,  o sistema proporciona celeridade nas altas do hospital, garantindo mais segurança e qualidade no atendimento 

Uma ferramenta inovadora de gestão eletrônica desenvolvida por um enfermeiro tem transformado a dinâmica de atendimento da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), referência estadual no atendimento materno-infantil e uma das maiores maternidades do Brasil.

A ferramenta é inédita na Região Norte no setor de administração hospitalar – público e privado.

A partir do cruzamento automático de todos os dados relativos a cada paciente dentro do circuito de prontuário eletrônico, desde 2017 o Hospital está contornando com sucesso um dos principais desafios de qualquer processo de internação: evitar prolongamento desnecessário do paciente hospitalizado. São trabalhadas informações como andamento de exames e evolução clínica.

Em quatro anos de aplicação e com mais de 6 mil e 500 internações monitoradas, o tempo médio de internação reduziu em mais de 50%: de 9,6 dias, estatística de 2017, para 6,3, em 2020.

A  ocupação média dos centros de parto também diminuiu com relevância: de  141%, em 2016,  para 74%, ano passado.

Boas Idéias

Tudo começou quando, em 2017,  o enfermeiro Ivison Carvalho, na época lotado no Núcleo Interno de Regulação (NIR) da Santa Casa, imaginou que seria possível melhorar a velocidade e a segurança dos serviços de obstetrícia e neonatologia do Hospital, otimizando a liberação e rodagem de leitos.

Como a Santa Casa do Pará suporta uma alta demanda de internações de obstetrícia e neonatologia, o profissional teve a ideia de criar uma ferramenta eletrônica que agilizasse o processo de internação de maneira segura e eficaz tanto para o paciente, quanto para a equipe de saúde.

Ele passou a mapear internações que estavam acontecendo além do tempo previsto, na referência da tabela de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), e conseguiu identificar as maiores causas de internações do serviço e a incidência de cada uma delas.

Assim, foi construída uma ferramenta integradora dentro do sistema de prontuário eletrônico da Santa Casa – uma ferramenta capaz de reunir todas as informações relevantes sobre a internação do paciente, criando um relatório de permanência individualizado.

“O impacto positivo desta integração eletrônica dentro do serviço é que o regulador de leitos do NIR consegue fazer um monitoramento de um número muito grande de leitos dentro do hospital. Antes, um enfermeiro não conseguia cobrir nem duas unidades. Hoje, ele cobre cerca de seis unidades com essa ferramenta porque acontece o mapeamento prévio das causas de permanência durante a noite, e durante o dia o enfermeiro já vai focado na resolução dos problemas que foram mapeados”, ressalta o enfermeiro Ivison Carvalho, idealizador da ferramenta eletrônica de gestão.

A ideia evoluiu para projeto e virou uma tese para o programa de mestrado da Santa Casa do Pará, que foi aprovado com louvor em maio deste ano, mostrando como assistência e ensino andam de mão dadas no Hospital.

 Lena Alencar, diretora de ensino e pesquisa da Santa Casa, ressalta a importância do mestrado profissional dentro de um hospital de ensino. “O programa possibilita novas pesquisas científicas favorecendo o desenvolvimento de habilidades analíticas e o domínio das teorias diante de uma grande visão prática na área em que este servidor atua. O mestrado profissional capacita nossos servidores, fazendo com que haja de novos produtos, ideias e projetos que vão ajudar no desenvolvimento da instituição”, afirma.

Quando a ferramenta foi colocada em prática na assistência da obstetrícia e neonatologia, atrelada também a outras ações realizadas no Hospital, foi observada uma redução significativa na taxa de ocupação.

“A ferramenta possibilita vários impactos positivos na instituição, como na redução do custo financeiro,  otimização dos processos de forma mais interligada e um controle mais efetivo no fluxo do paciente no período da internação”, ressalta Maria Alves Belém, Diretora Técnico-Operacional da Instituição.

O projeto foi desenvolvido com o apoio integral da área de tecnologia da informação da Santa Casa, que conseguiu programar a ferramenta dentro do sistema utilizado no hospital, tornando ele acessível em todos os computadores da instituição.

Passo Seguinte

A ferramenta, que hoje está disponível nos computadores do Hospital, no futuro vai poder ser acessada através dos celulares ou tablets, o que vai facilitar a visualização dos relatórios de permanência para os gestores das áreas mapeadas.

Ivison explica que, com a gestão eletrônica, o gestor passa a conhecer quais são os pacientes que estão com o tempo de internação extrapolado e quais as causas de internação prolongada.

“Tratando com os serviços de apoio e gerenciando sua unidade de forma mais objetiva, o gestor localiza, então, quais são as pendências de resolução que ele precisa providenciar para que o leito seja liberado em tempo devido”, coloca, salientando a grande possibilidade de replicação que a ferramenta tem. “Ela pode ser utilizada em qualquer plataforma digital, inclusive no Google, tendo o cuidado de moldar conforme a necessidade de cada unidade de saúde”, contextualiza.

A ferramenta de Gestão Eletrônica de Causas de Internações Prolongadas é totalmente adaptável aos outros hospitais do Estado, possibilitando a ampliação desse maior controle da regulação de leitos para qualquer unidade de saúde que atue com internações.

Conforme o gerente de Tecnologia de Informação da Santa Casa, Gilberto Ramos, “nossa equipe comprou a idéia e prestou total apoio durante o desenvolvimento da solução, sem imaginar como a repercussão seria positiva”, conta.

Ele chama o Projeto de “inovador”: “A TI da Santa se sente muito gratificada por ter participado de uma ideia que está colocando o nome da Instituição em destaque no cenário paraense”, diz.

Qualidade e Segurança 

No último dia 12 de julho, a dona-de-casa Ana Caroline Nunes, 24, de Aurora do Pará, no nordeste do estado, chegou à Santa Casa acompanhada da mãe, Ana Lúcia Silva, 50, para tratar sintomas de pressão alta que acometeram o final da segunda gestação.

Graças à ferramenta de Gestão Eletrônica de Causas de Internações Prolongadas, no dia 14 de junho a gestante pôde dar à luz a pequena Izabelly, ambas recebendo todos os cuidados necessários, sem demora e com segurança.

“Sou muito grata pelo atendimento que recebemos. A equipe daqui é supercuidadosa e constantemente perguntam e se preocupam com o nosso bem -estar”,  emociona-se Ana Caroline, que recebeu alta na tarde desta sexta-feira (16).

Texto: Márcio Bastos

Fotos: Rafaela Soeiro

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