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Pesquisa sobre cuidados com prematuros na Santa Casa é divulgada em revista científica de projeção internacional 

o trabalho também gerou uma cartilha que facilita o entendimento das famílias em relação ao tratamento

     A pesquisa “Conhecimento de Mães sobre Cuidados de Recém-Nascidos Prematuros e Aplicação do Método Canguru no Domicílio”, realizada com 15 famílias atendidas pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) ao longo do ano de 2017, está sendo divulgada em nível nacional e internacional.

     Em formato de artigo, foi publicada na edição deste bimestre da Revista Brasileira de Enfermagem (REBen), o veículo oficial de comunicação científica da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), classificado como de altos impacto e relevância pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC).

      A pesquisa é resultado da dissertação de mestrado da enfermeira Marcilene Gomes, servidora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) da Instituição.

enfermeira Marcilene Gomes (à esquerda), autora da pesquisa, e pediatra Salma Saráty, orientadora

Já especialista em Saúde Pública, em 2018 Gomes concluiu o Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em Saúde oferecido pela própria Santa Casa.

     Com coleta de dados durante três meses, o objetivo foi identificar o conhecimento em específico de mães sobre cuidados de recém-nascidos prematuros e a aplicação do Método Canguru em casa, fora do ambiente controlado do Hospital, a partir da alta.

      Foram abordadas questões como troca de fraldas, banho humanizado, vestimenta adequada para os prematuros e sinais de alerta de agravo.

      “Os discursos das mães entrevistadas apontaram que, embora temerosas pela sensação de agora precisarem agir com mais independência, elas possuíam, sim, conhecimentos sobre os cuidados de prematuros no domicílio e entendiam a importância do Método Canguru, sendo muito desses saberes adquiridos e aprimorados com as orientações dos profissionais da Santa Casa, durante a internação e aplicação do Método”, coloca a pesquisadora.

     Mesmo assim, completa Gomes, a análise de informações indicou a necessidade de se complementar o suporte, ao que o trabalho acabou gerando, também, o Guia Prático de Orientações: Como Cuidar do Bebê Prematuro em Casa.

Cartilha

     Desde o começo do ano a cartilha, produzida em linguagem popular e didática, com ilustrações bem representativas, foi incorporada à assistência direta dos pacientes.

     Para a orientadora da pesquisa, a pediatra neonatologista Salma Saráty, gerente  geral do Serviço de Neonatologia da Santa Casa e mestra e doutora em Pediatria, um material de apoio, de acesso impresso e virtual, melhora bastante a comunicação: “O processo de des-hospitalização é uma etapa muito importante no desenvolvimento de prematuros. É preciso que as famílias se percebam cada vez mais seguras para cuidar deles em casa, aplicando e multiplicando o conhecimento repassado e reforçado enquanto estavam no hospital e enquanto continuam acompanhadas em sentido ambulatorial”, aponta.

     A especialista explica que uma das dificuldades do Método Canguru sempre foi assegurar o nível de entendimento dos pais em relação à responsabilidade que prematuros exigem.

     “Não é só uma questão de camada de escolaridade. Existem aspectos sociais que influenciam sobremaneira não só na cognição, mas na adesão, na aceitação”, assenta.

Rede de Apoio

      A maquiadora Dayse Vanessa Correa, 32, do bairro do Aurá, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (RMB), foi uma das entrevistadas na conferência metodológica.

     A filha única Giovanna Nicole, hoje com quatro anos, nasceu de parto normal na Santa Casa, com sete meses, quando a bolsa estourou antes do tempo previsto. Era a quarta gravidez de Dayse, que superara três abortos, provocados por hipertensão.

Família Corrêa

     Foram 44 dias de internação – entre Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) convencional e, enfim, UCI Canguru, onde Dayse e o marido, o motorista de ônibus Saymo Corrêa, 32, tiveram contato pele a pele por horas seguidas,em livre demanda, com a então bebê, até que Giovanna aumentasse de peso. Foi na Unidade Canguru que a bebê liberou-se da sonda alimentar e começou a mamar.

     “Nós adoramos o serviço da Santa Casa. Naquela situação tão difícil, em que estávamos tão frágeis, impossível acolhimento melhor. A infraestrutura é excelente. O tempo todo eu e minha filha éramos monitoradas e tratadas. Quando fomos pra casa, morria de medo que ela engasgasse, só que o aprendizado na Santa Casa me permitiu lidar não só com o medo, como com a certeza de que eu teria solução, caso acontecesse de verdade”, conta.

     Depois da alta hospitalar, a família continuou acompanhada pelo Ambulatório do Prematuro da Santa Casa, até que a criança alcançasse dois anos de idade.

      “E agora eu sou, eu estou maravilhosa”, brinca a pequena Giovanna.

 

Por Aline Miranda

Fotos: Acervo Pessoal

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