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Equipes multiprofissionais humanizam tratamento nas UTIS da Santa Casa

Os pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA) contam com equipes multiprofissionais superespecializadas, um avanço em termos de tratamento. O hospital atende às legislações específicas e a reformulação de protocolos, dos últimos anos.

“É importante mostrar para toda a sociedade que não é só o médico que atua no trabalho em uma UTI. Existe toda uma equipe na linha de frente e na retaguarda para atender esse paciente”, explica a médica intensivista Nelma Machado, coordenadora da área de UTI Adulta.

Das equipes fazem parte, além de médicos e enfermeiros, especialistas como assistentes sociais, dentistas, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e técnicos em enfermagem.

Tal processo de qualificação e aparelhamento vem se intensificando desde 2019 e início de 2020, com medidas de capacitação contínua dos trabalhadores e de planos terapêuticos individualizados para cada paciente.

Como o paciente grave demanda múltiplos cuidados de diferentes áreas da saúde, o trabalho associado melhora os prognósticos e acelera a alta dos pacientes internados.

“A gente cria grupos de assistência individualizada todo dia, na beira do leito. É a equipe de referência ao lado do doente para que a gente consiga redobrar esse cuidado com o paciente e nesse olhar individualizado a gente faz o atendimento aos quilombolas, aos povos indígenas e a outros grupos de maneira a respeitar suas crenças e direitos de respeito às suas culturas. O atendimento é uma rotina que busca o interesse maior de cada paciente”, esmiuça a médica.

Experiências

Para Diene Maués, enfermeira com atuação na área intensivista, o papel da Enfermagem na equipe multiprofissional é de extrema importância, uma vez que o enfermeiro é aquele que avalia diariamente o paciente e elabora um plano de cuidados para esse paciente, por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

“O enfermeiro não pode ser visto como mero executor de tarefas. Somos profissionais com embasamento científico que, junto com os demais profissionais, podem discorrer acerca dos quadros clínicos dos pacientes, identificando os principais problemas ativos do paciente naquele dia. Elaboramos metas diárias a ser cumpridas e favorecemos para a recuperação ou estabilização daquele paciente, até a sua alta da unidade”, relata Maués.

Martha Rodrigues, nutricionista, explica que a função do nutricionista, por exemplo, é primordial. “Para isso é imprescindível a atuação da equipe multiprofissional: cito os cuidados iniciais, quando a equipe médica e de enfermagem sinalizam a gravidade da doença, exigindo necessidades nutricionais diferenciadas. Condutas como alimentação artificial [nutrição enteral ou parenteral] ou necessidade de adaptação da dieta oral. Em discussão multiprofissional, o nutricionista solicita e informa a necessidade de ajustes no plano terapêutico para melhor tolerância à dietoterapia prescrita”, exemplifica.

Isabelle Alves, cirurgiã-dentista,relata que a inserção de odontólogo na equipe multiprofissional contribuiu para o atendimento especializado aos pacientes submetidos a medicação mecânica, além de promover a diminuição do número de pneumonias associadas à ventilação mecânica, do número de permanência no leito e consequentemente dos custos hospitalares. “Atuamos, ainda, na UTI materna, realizando higiene oral nos pacientes entubados e orientando higiene bucal das puérperas e respectivos recém-nascido”, completa.

Ester Miranda, terapeuta e uma das profissionais com atuação na equipe multiprofissional, fala que a Terapia Ocupacional Hospitalar requer o cuidado ao paciente com uma visão integral e ampliada da pessoa em processo de adoecimento e hospitalização. Atende pacientes de todas as faixas etárias em ambulatórios, enfermarias, UTIs e unidades semi-intensivas, sempre pautando na perspectiva da promoção da qualidade de vida e humanização.

“Os atendimentos incluem ações de prevenção e de reabilitação para restaurar, manter ou evitar perdas motoras, sensoriais e cognitivas, incluindo prescrição de adaptação e órteses, além de promover máxima autonomia nas atividades de vida diária, incluindo orientação de acompanhantes para a execução dessas atividades junto aos bebês; além de intervenções para melhorar o estado de humor e de motivação para recuperação da saúde”, relata.

Josiany Albim, uma das assistentes sociais que integram a equipe multi das UTIs, diz que o trabalho sempre se deu em uma perspectiva multidisciplinar por entender que é importante atuar em uma gestão ampla da saúde do usuário internado que vai muito além da questão da doença, considerando a sua história de vida e os laços familiares, por isso na atuação multi é preciso compreender e respeitar cada saber constituído, para a integralidade das ações do sistema.

“O trabalho do serviço social na equipe acontece com ações voltadas ao contato direto e acolhedor, sobretudo com as famílias. Nós articulamos orientamos e monitoramos demandas de visitas estendidas e ampliadas para os pacientes na UTI em situação de acolhimento em óbito, alta para as enfermarias, participação em boletins médicos, gestão de contato com familiares e em outras questões como a mediação de demanda da equipe junto à família”, enfatiza Josiany.

A fonoaudióloga Nilcielle Salheb diz que a Santa Casa é um dos poucos hospitais em que levam realmente em consideração a atuação do fonoaudiólogo como parte integrante da equipe multiprofissional. “Na minha experiência observo que hoje em dia eu tenho muito mais espaço para iniciar uma dieta ou então até para interromper uma dieta, do que antes. Fazemos uma avaliação de um paciente extubado, por exemplo, e aí a gente se pronuncia. A partir do momento que o médico avalia e o fisio também, aí a gente conversa, se já dá para iniciar um estímulo. Uma sucção não nutritiva, ou então iniciar uma dieta. Sempre conversando com a equipe. Nada é feito sem a conversa da equipe, sem a integração”, diz Nilcielle.

Tiago Torres, fisioterapeuta, explica que dentro de uma UTI o profissional é responsável pela reabilitação física e pulmonar do paciente, lidando assim tanto com a precaução dos efeitos causados pelo imobilismo do paciente no leito, como também pela manutenção das vias aéreas e a função cardiopulmonar respiratória, tomando conta assim do processo de ventilação mecânica, seja ela de forma invasiva ou evasiva e prevenindo que o paciente chegue a necessidade desse mecanismo, mas quando necessário é o fisioterapeuta que lida com o equipamento e também com a higiene brônquica do paciente. Ou seja, cuidando da retirada de secreção pulmonar e tudo mais.

“Dentro do processo da equipe multiprofissional, dentro da unidade de terapia intensiva que é um processo de extrema necessidade para a reabilitação do paciente. Todo o nosso procedimento se faz em conjunto. Não existe nenhum profissional que possa andar sozinho na UTI, sem a ajuda do outro e tudo isso em prol da reabilitação de nosso paciente”, diz Tiago Torres.

 

Reconhecimento – O cantor e compositor Nilson Chaves foi um dos pacientes beneficiados pelo trabalho da equipe multiprofissional da Santa Casa. Ao receber alta do hospital no final do ano passado, após ser acometido pela Covid-19, Nilson resumiu: “Acho que isto aqui é um aprendizado e uma lição de vida linda. Vi essas pessoas todas aqui, com um trabalho lindo, não só comigo, mas com todos. Levo daqui esse carinho, essa calmaria e essa força que me deram e que dão para todos aqui”, emocionou-se.

Reconhecimento que também é reforçado pela pedagoga Gilmara Alves, esposa de Wilson Alves Filho, igualmente hospitalizado com covid-19 na Santa Casa, ano passado. Foram 63 dias, entre Enfermaria e UTI.

 

“Enquanto meu marido esteve internado, recebemos tratamento humanizado, eram vários especialistas, sempre fizeram de tudo por ele e por nós, familiares”, pontua.

Ela acentua que a família recebia boletim diário por telefone e, ainda, acompanhamento com psicóloga.

“É eterna gratidão a Deus e a toda a equipe da Santa Casa, pois eles não desistiram da vida dele e não mediram esforços para que ele se recuperasse e, assim, pudesse voltar para nossa casa e nossa família”, comemora.

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