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Ambulatório do fígado da Santa Casa do Pará se qualifica para realizar transplantes

A equipe médica e multidisciplinar finaliza capacitação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo

Referência no Pará para o tratamento de doenças hepáticas e indicado, pelo Ministério da Saúde (MS), para ser o Centro de Transplante de Fígado do Estado, o ambulatório do fígado da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP) se prepara para poder realizar os transplantes de fígado.

O presidente da Fundação Santa Casa do Pará, Bruno Carmona, explicou que a Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sespa) definiu a Santa Casa como hospital de referência para tratamento de doenças hepáticas, e desde então a instituição vem tratando os usuários com doenças do fígado.

“A gente já é referência para tratamento de doenças hepáticas, falta só o transplante de fígado, e se tudo correr bem, vamos implantar esse serviço ainda este ano. Aí não precisaremos mais encaminhar nossos pacientes, via Tratamento Fora de Domicílio (TFD), para outras unidades da federação, e isso é uma grande vitória do Governo do Estado à nossa população”, destaca o presidente.

O médico cirurgião e responsável técnico do grupo do fígado da Santa Casa, Rafael José Romero Garcia, disse que o ambulatório do fígado acompanha mais de 100 pacientes que fizeram transplante fora do Estado e atende cerca de seis mil pessoas com doenças hepáticas ao ano.

Para otimizar o fluxo de atendimento, os pacientes foram separados por dia. “Um dia a gente atende só casos referentes a vírus; noutro, os com gordura no fígado; após, os pacientes com cirrose; os que vão receber transplante; e os transplantados”, informou o médico cirurgião Rafael Garcia.

Sobre os procedimentos relacionados ao fígado, ele acrescentou que “a Santa Casa atende desde os casos mais básicos até os mais complexos, inclusive cirurgias de alta complexidade, só falta o transplante”, disse o responsável técnico do grupo do fígado da Santa Casa, Rafael José Romero Garcia.

“Em janeiro de 2019 o Ministério da Saúde escolheu o Estado do Pará para receber capacitação em transplante hepático no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Depois de uma série de questões de segurança (sanitária), começamos a fazer a capacitação da equipe médica e multidisciplinar, tanto online quanto presencial”, afirmou o doutor.

A previsão do Ministério da Saúde, segundo o médico cirurgião, é de que no segundo semestre a Santa Casa já realize transplante em pacientes adultos. “E para isso, em abril deste ano, toda equipe multidisciplinar vai novamente a São Paulo para ficar um tempo aprendendo como funciona a rotina para replicarmos aqui. Uma equipe de São Paulo vem aqui para acompanhar o transplante dos nossos primeiros pacientes”.

Com 26 anos, o engenheiro civil, Marcos Rogério, 40 anos, morador do bairro da Pedreira, em Belém, descobriu que tinha adquirido cirrose criptogênica, um tipo de cirrose hepática que não tem cura e nem causa conhecida, e passou 10 anos fazendo só tratamento paliativo, mas sabia que um dia seu fígado iria parar. Hoje ele é um paciente transplantado, e faz acompanhamento no ambulatório do fígado da Santa Casa.

“Há quatro anos ele (o fígado) parou de vez e tive que ser transferido, em UTI aérea, direto da Santa Casa para Fortaleza, onde entrei na fila de transplante e recebi um fígado de uma doadora, de 26 anos, do Piauí. Hoje sou um transplantado e vivo muito bem utilizando apenas imunossupressores para controlar a rejeição”, ressaltou Marcos Rogério.

Ele complementou que faz acompanhamento no ambulatório do fígado da Santa Casa, onde consegue os remédios.”Preciso deles para poder viver, e graças a Deus a Santa Casa me dá todo suporte, é muito bom o atendimento aqui, não tenho do que reclamar”.

Há exatos 11 anos a assistente social, Ana Gabriela Alves, 35, moradora do bairro da Marambaia, em Belém, foi diagnosticada com hepatite autoimune. A condição rara somada ao constante uso de imunossupressores e medicamentos à base de corticoides, a deixou muito debilitada e por isso precisou entrar na fila de transplante.

“A Santa Casa tem uma equipe maravilhosa, e acho ótimo ter conquistado essa capacitação em transplante hepático. Já estou sonhando em entrar na fila de transplante no meu próprio Estado, fazer o tratamento mais próximo da minha casa e poder ser acompanhada pelos meus familiares. Em Fortaleza, nós encontramos muitas pessoas de Belém se consultando, e o sonho delas é que a Santa Casa disponibilize um centro de transplante para o Estado. Se Deus quiser vai dar tudo certo”, disse Ana Gabriela Alves.

“Antigamente a doença que mais causava a necessidade de transplante de fígado era a hepatite, mas com o advento do fast-food (“comida rápida” em inglês), nas duas últimas décadas, os números de pacientes com obesidade dispararam e consequentemente o número de pacientes com acúmulo de gordura no fígado, por isso, é necessário tomar cuidado com a dieta e consumir alimentos mais naturais”, alertou o cirurgião hepatobiliopancreático e médico de Hepatologia Clínica, da Santa Casa, doutor Honório Medeiros.

Para ter acesso às consultas ambulatoriais na Santa Casa, o usuário deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da residência e solicitar um encaminhamento, pelo Sistema Estadual de Regulação (SisReg), para o atendimento desejado.

Com a guia de referência em mãos, o paciente deve ir ao ambulatório da Santa Casa, para triagem pela  equipe de enfermagem responsável.

Prevenção

A Santa Casa destaca como medidas de prevenção de doenças hepáticas a atualização vacinal e hábitos de vida saudáveis como exercícios físicos, alimentação equilibrada e o consumo moderado álcool, também, a utilização de forma correta de preservativos, a higienização e o cozimento certo dos alimentos.

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