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Espaço Acolher da Santa Casa recebe cabelos arrecadados pela Escola Adventista do 7º Dia

O objetivo da doação é ajudar as vítimas de acidentes com escalpelamento em tratamento, que perderam parcialmente ou totalmente seus cabelos no acidente com motor de barcos

Integrantes da Escola Adventista da Cidade Nova, de Ananindeua, realizaram nesta terça-feira (04), a entrega de 70 doações de cabelos naturais recolhidos no entorno da comunidade escolar. Para a diretora da escola, Jarlene Moia, essa ação vai muito além do ensino. “A gente não está só para tratar o currículo, as coisas que acontecem ali no dia a dia, no cotidiano. É muito importante que a educação transcenda todas as barreiras de preconceitos. Percebemos que essas mulheres, inclusive crianças das comunidades ribeirinhas, passam por situações não só de assédio, como também são vítimas de acidentes com escalpelamento”.

“E aí a gente pensou, por que não trabalhar o amor e o cuidado pelo corpo? E aí as crianças apoiaram, porque para mulher o cabelo é de mais bonito e que traz autoconfiança. Então elas decidiram doar como um ato de amor mesmo. Acredito que é muito importante a gente sair um pouco do currículo, ir muito além do ensino, e fazer a diferença, trazendo esperança na vida das pessoas”, destaca a professora Jarlene.

Para Rosália de Cristo, pedagoga, vítima de acidente de escalpelamento nos anos 80, apesar do sofrimento que se vive, o ato de doação de cabelos é importante para restaurar a autoestima. “Não só a beleza que vai nos proporcionar, mas o nosso eu, para a gente poder ter mais alegria, ter a convivência social. É importante mais para o caráter, o nosso interior. É sempre bem-vindo, doações, principalmente porque também é um meio que leva o conhecimento do acidente para as outras crianças, para a escola. Nesse meio aí, que é discutido, é colocado de uma forma como evitar ou o que pode ser feito para evitar. E as crianças têm esse conhecimento de como é um acidente de escalpelamento que muitos não têm nem noção de como acontece”.

A professora Mônica Yamaoka, uma das idealizadoras do Projeto Fios de Ouro, disse que a ação para arrecadar os cabelos, no colégio, impactou os alunos e os pais pelo ato de solidariedade, além da empatia. “Nós começamos dentro da Igreja Adventista com o pastor Takeo e levamos a ideia para o colégio. E eles abraçaram de uma tal forma que foi inacreditável, foi gratificante”.

“Essa ação precisa ser estendida até porque as perucas duram tão pouco, né? Duram cerca de seis meses, elas precisam estar trocando, então é uma necessidade muito grande da doação de cabelos que devemos destinar ao Espaço Acolher. Então vou ser uma reprodutora dessa informação”, enfatizou a professora.

Ronaldo Takeo, pastor adventista do 7º dia, disse que a Igreja tem como objetivo levar à esperança, e o projeto ‘Fio de Ouro’ tem “o objetivo de levar ao bem-estar, aumentar a autoestima dessas meninas que estão sem os seus cabelos naturais. Então juntou a esperança com essa doação de amor ao próximo”.

“Essa visita ao Espaço Acolher foi de suma importância. Até me emocionei pela delicadeza dessas meninas que precisam e a autoestima delas com certeza vai aumentar. Eu trabalho em oito igrejas e uma delas foi a pioneira deste projeto. Agora vamos buscar ampliar esse projeto, tanto nos colégios adventistas como nas igrejas também”, reforça o pastor Takeo.

Jureuda Guerra, psicóloga da Fundação Santa Casa, destaca que parcerias como essas, em benefício das vítimas do acidente com escalpelamento, que precisam da peruca o ano inteiro, é fundamental. “Uma peruca tem uma durabilidade de seis meses, e para fazer uma peruca precisa de, no mínimo, seis cabelos de pessoas diferentes, não são seis mechas, são seis cabelos doados. Então, ações como essas são fundamentais”.

“Primeiro porque forma o caráter dessas crianças e adolescentes, colocam sentimentos de empatia, de compaixão, fazem com que eu me responsabilize pelos outros. Então, é fundamental que a gente vá construindo uma sociedade melhor, também pensando no que eu posso fazer pelo outro. Meu cabelo, que não sofreu acidente, cresce, mas os cabelos das vítimas não crescem. Elas precisam estar repondo esse cabelo. E ações como essa que a Escola Adventista fez, trazendo para nós, não só cabelo, mas roupas também, é muito importante e a Santa Casa sempre está de portas abertas”, enfatiza a psicóloga.

Tratamento e apoio às vítimas –  Desde 2005,  a Fundação Santa Casa é referência no atendimento às vítimas do acidente de escalpelamento com o motor de barcos, tendo criado o Programa de Atenção Integral às Vítimas de Acidentes com Escalpelamento. A instituição também conta com o Espaço Acolher, que acolhe as vítimas no período de tratamento ambulatorial, quando não possuem casa de apoio ou familiar em Belém. O espaço também garante o atendimento às vítimas por meios do Serviço Social, da Psicologia, uma equipe administrativa da Santa Casa e uma equipe de educadores da Secretaria de Educação do Pará e da Universidade do Estado do Pará (Uep), que em regime de convênio atua na Classe Hospitalar.

“O cabelo que a vítima de escalpelamento perde no acidente não cresce mais, porque ela perde a base do couro cabeludo. Nós precisamos de doações de cabelos para a produção de perucas, mas nos últimos tempos essas doações diminuíram bastante. Por isso a gente espera que esse gesto de quem faz a doação dos cabelos, possa servir de exemplo para outras pessoas também fazerem a doação”, reforça a assistente social Luzia Matos, coordenadora do Espaço Acolher.

As doações de cabelos para o Espaço Acolher da Santa Casa podem ser feitas diretamente no serviço, que funciona na Avenida Alcindo Cacela, 555, esquina com a Rua Diogo Móia, em Belém. O telefone para contato é o 3237-9460.

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