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Santa Casa avalia benefícios do uso da ‘redinha’ na reabilitação de recém-nascidos

A bebê Maria Isis está internada há mais de um mês na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) da Santa Casa. Durante todo esse período, a mãe dela, Rosinelma, a acompanha dia e noite, todos os dias. Há cerca de 20 dias, quando a menina passou a ser colocada em uma rede de dormir na unidade, ela percebeu mudanças no comportamento da criança.

“Eu gostei muito da ideia, porque ela ficou mais relaxada e dorme bem na rede, quase não acorda à noite, e também fica confortável durante o dia, parece bem tranquila”, observa a mãe.

Conhecido no Brasil como posicionamento ou terapia em redinhas, o método Hammock é utilizado nas unidades neonatais da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), desde o ano de 2015, conta a fisioterapeuta Aureni Araújo, especialista em terapia intensiva neonatal e pediátrica.

“Demos início com os bebês menores e a própria equipe da Santa Casa se mobilizou para confeccionar as redinhas, junto com as mães dos bebês. As redes eram feitas com tecidos que tínhamos disponíveis no próprio hospital em tamanhos bem pequenos”, lembra a fisioterapeuta que também é  tutora da Atenção Humanizada ao Recém Nascido de Baixo Peso, o Método Canguru.

Originalmente voltada para os recém nascidos prematuros, por proporcionar estímulos multissensoriais e também o desenvolvimento neuropsicomotor da criança, a terapia de redinha é atualmente  aplicada na Santa Casa em bebês nascidos à termo ( de 37 a 42 semanas).

“O método Hammock foi desenvolvido para trabalhar com crianças prematuras, só que como muitas das crianças internadas na UCI aqui da Santa Casa tem desordens neurológicas e uma das funções desse método é o desenvolvimento neuropsicomotor, a gente uniu isso a nossa realidade aqui. Então começamos a atender, a partir de 2021, crianças que são portadoras de malformações neurológicas, que tanto as mães como as crianças apresentam um nível de estresse considerável, a gente começou a trabalhar com a redinhas e viu o resultado”, afirma a fisioterapeuta Aureni Araújo.

A técnica foi criada na Austrália e começou a ser implantada no Brasil pela região nordeste do país. Lá também foram desenvolvidos estudos científicos que demonstraram que o nível de estresse e a normalização dos sinais vitais de prematuros colocados em rede eram muito favoráveis.

 

Por meio da atuação conjunta da área assistencial e área de ensino da FSCMP, que viabilizou uma parceria com o Centro Universitário do Pará  (Cesupa), a técnica e o tamanho das redinhas passaram a ser adaptadas para os bebês a termo internados no setor de neonatologia da Santa Casa e os resultados vêm sendo objetos de  um estudo científico que avalia os benefícios também para esse público, explica o também fisioterapeuta Fabiano Boulhosa,  professor da faculdade de fisioterapia do Cesupa, e, concluinte do Mestrado da Santa Casa, que juntamente com Aureni Araújo coordena a pesquisa em andamento.

“A Santa Casa é um hospital de ensino, que acolhe muitas instituições e o Cesupa é uma dessas. Essa acolhida e essa parceria da assistência com o ensino vem ganhando cada dia mais força. É o caso do trabalho desenvolvido com os acadêmicos de fisioterapia do Cesupa, juntamente com os residentes de fisioterapia e os profissionais que já atuam na Santa Casa, que se baseia na ‘Taxonomia de Bloom’, que resumidamente é o aprender fazendo. Então, a adaptação para tamanhos maiores e a construção dessas redes para a doação se deu em função de projetos nos quais pensamos em como gerar produtos para deixar para as instituições”, afirma o professor.

Além do produto físico da prática, que são as redinhas doadas, os benefícios da técnica para os bebês maiores estão sendo avaliados em um estudo e serão apresentados futuramente em um artigo científico que está sendo elaborado pela Santa Casa  e Cesupa.

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