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Mães adolescentes representam 12% das mulheres que dão à luz anualmente na maternidade da Santa Casa

Lene e Brenda são mãe e filha. Em comum, além da relação familiar, elas têm a experiência de terem engravidado ainda adolescentes. Lene Matos, hoje com 37 anos e seis filhos, sabe a grande responsabilidade que é a maternidade e se preocupa que a gestação precoce atrapalhe os estudos da filha.

“Eu fui mãe muito cedo, aos 14 anos, porque perdi minha mãe ainda criança e não tive orientação, mas sempre tentei orientar minhas filhas. Mesmo assim ela se apressou, quis logo ser mãe e fico pensando se vai conseguir terminar os estudos”, conta a dona de casa.

Brena tem 17 anos, cursa o 6º ano e está no sétimo mês da segunda gestação. Na primeira, teve um parto prematuro em casa, no município de Igarapé – Açu e acabou perdendo os bebês. Agora, na segunda gestação, apresentou sinais de parto prematuro novamente e foi encaminhada à Santa Casa. Apesar de ainda muito jovem, ela garante que desejava ser mãe e que se preocupa com a sua saúde e com a do bebê que espera.

“Eu sinto muito medo, que aconteça qualquer coisa comigo ou com o meu bebê. A médica falou que corro o risco de entrar novamente em trabalho de parto prematuro, mas já me passou o remédio para amadurecer os pulmões dele e disse que se sentir qualquer coisa, devo vir imediatamente para cá, por isso estou mais tranquila”, afirma a adolescente.

Assim como Brena, centenas de adolescentes dão à luz anualmente na Santa Casa.

Em 2021 dos 7.690 partos realizados na maternidade, 980 foram de adolescentes, o equivalente a 12,74%.

A Santa Casa tem uma maternidade que é referência estadual na gestação de alto risco. De acordo com a ginecologista Marília Gabriela Luz, que coordena a maternidade, fatores comportamentais e biológicos podem ocasionar problemas de saúde mais comuns em grávidas adolescentes.

“A gestação na adolescência oferece riscos físicos, emocionais e sociais. O principal risco físico, o mais conhecido, é o da pré- eclâmpsia. Mas existem outros como a paciente que engravida e desenvolve uma gravidez molar, por exemplo, que tem um risco maior da doença se tornar mais grave nas adolescentes” explica a médica que também destaca outros fatores que são mais frequentes entre as grávidas muito jovens.

“Há também o risco de não adesão ao pré-natal e de seguir as orientações, o que pode ocasionar outros problemas de saúde e até o óbito materno e óbito fetal, por essa grevidez muitas vezes não ter sido planejada e cuidada.”, acrescenta a médica.

Além de uma gestação de risco, a gravidez na adolescência também pode contribuir para o aumento de problemas sociais, considera a assistente social do Ambulatório da Mulher da Santa Casa, Ana Márcia Serrão, que ao longo de anos acompanha gestantes, inclusive adolescentes, que deram à luz na Santa Casa.

“Quando a adolescente engravida, a vida dela dá uma estagnada, pois ela para de estudar. Então ela perde o vínculo escolar e acaba criando uma dependência do companheiro ou da própria família, gerando um impacto social e econômico especialmente para as famílias das adolescentes de classes menos favorecidas”.

Prevenção

Desde 2019, com o objetivo de evitar a recorrência da gravidez na adolescência ou a gravidez não planejada, a Santa Casa vem oferecendo a colocação de Dispositivo Intra Uterino (Diu) no pós parto e pós aborto. No caso em que a mulher opta por não aderir ao Diu, ela recebe orientação sobre outros métodos contraceptivos já na maternidade ou no retorno ao atendimento ambulatorial.

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