Em 2020, foram realizadas 171 inserções deste método de longa duração
A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará executa um programa de planejamento familiar, dentro do ambulatório da mulher, que oferece métodos de longa duração, como a inserção de dispositivo intrauterino (DIU), que é um procedimento contraceptivo com alta eficácia e maior duração. Em 2020, a unidade fez a colocação de 171 dispositivos.
Segundo a médica ginecologista obstetra da Santa Casa, Valéria Pontes, que faz parte da Comissão Nacional Especializada em Anticoncepção, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a Fundação é referência para pacientes que tem interesse em métodos de longa duração e não tem boa adaptação com métodos hormonais ou possuem dificuldades de acesso a outras formas de contracepção.
“O foco do nosso trabalho é, especialmente, em mulheres que possuem comorbidades (diabéticas, hipertensas, lúpicas) e adolescentes que possuem gestações indesejadas. A Santa Casa realiza o maior número de parto de mulheres entre 15 e 19 anos do Brasil. Então, esse trabalho possui um impacto social significativo”, explica Valéria Pontes.
O Ministério da Saúde fornece o DIU de cobre, que é não hormonal, tem alta eficácia e durabilidade, geralmente, de dez anos – se a paciente tiver o desejo de engravidar antes disso, é possível retirar o dispositivo. A pequena haste é colocada dentro do útero e libera substâncias que tornam o órgão hostil para o espermatozóide, impedindo que ele fecunde o óvulo. A Santa Casa realiza a inserção há 21 anos.
A vendedora Glenda Sousa, 21 anos, teve um parto prematuro, de 34 semanas, com complicações em novembro de 2020, por isso não pode ter o DIU inserido no ato cirúrgico. Passados dois meses, voltou para a Santa Casa para fazer a inserção. “Quero me sentir mais segura e não pretendo engravidar pelos próximos anos. Os anticoncepcionais orais me dão dor de cabeça e eu esquecia de tomar a pílula, com esse descuido engravidei. Tenho problemas no ovário e vai ser muito bom pra mim”.
Direito e Acompanhamento
A médica ginecologista obstetra da Santa Casa, Cynthia Lins, explica que o DIU pode mudar a expectativa da qualidade de vida das mulheres, principalmente, de uma região onde o número de adolescentes com gestações inesperadas é muito grande. “A mulher deve ter o direito de decidir quando quer gestar e oferecemos esse apoio. Após a inserção, a paciente já leva a requisição para fazer a ultrassonografia após 30 dias e seguimos fazendo o acompanhamento para verificar se o dispositivo ficou bem posicionado, se houve alguma intercorrência”, informa.
A promotora de cosméticos, Julia Souza, 23 anos, colocou o DIU em outubro do ano passado e voltou para uma consulta de acompanhamento na Santa Casa. “Eu engravidei com 14 anos e vinha tomando outros anticoncepcionais desde então, mas queria algo seguro e com durabilidade maior, e a médica me indicou o DIU. Me adaptei super bem, não sinto nenhum incômodo. Esse serviço é muito importante, porque várias mulheres não têm condições de pagar particular”, afirma.
Planejamento Familiar
A Santa Casa oferece o DIU, a laqueadura tubária e a vasectomia. As mulheres que participam do programa são usuárias do SUS, cadastradas no ambulatório da mulher da Santa Casa ou vêm encaminhadas da rede básica de saúde.
Segundo Nazaré Falcão, enfermeira do ambulatório, há todo um trabalho de acolhimento e orientação para que as mulheres entendam tudo sobre o dispositivo, como ele age, os cuidados, os benefícios. “Fazemos uma apresentação para que elas tirem todas as dúvidas e se sintam seguras para escolher a inserção do DIU”, diz.
