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Estudos defendem amamentação e doação de leite materno durante pandemia de Covid-19

Banco de Leite Humano da Santa Casa atende às recomendações da Rede Brasileira e da Organização Mundial da Saúde

20/03/2020 18h34 – Atualizada em 20/03/2020 23h31
Por Etiene Andrade (SANTA CASA)

Com base em discussões técnicas e estudos científicos que comprovam os benefícios da amamentação, que pode superar possíveis riscos caso as mães estejam com o novo Coronavírus, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano divulgou no início desta semana uma recomendação técnica para os bancos de leite de todo o Brasil, a fim de orientar para o incentivo e manutenção do ato de amamentar os bebês. O documento reúne uma lista de organismos de saúde nacionais e internacionais, além de artigos científicos que respaldam a orientação.

A recomendação ressalta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) “orienta a manutenção da amamentação por falta de elementos que comprovem que o leite materno possa disseminar coronavírus”. O texto enfatiza que a orientação resulta de estudos realizados até o momento.

Referência estadual, o Banco de Leite Humano da Santa Casa vai seguir as recomendações da Rede Brasileira e da OMS, considerando os benefícios do aleitamento materno para o bebê, mesmo no cenário da pandemia de Covid-19.

“A amamentação confere proteção contra muitas doenças. São raras as exceções em que a amamentação é suspensa. Os benefícios da amamentação superam quaisquer riscos potenciais de transmissão do vírus através do leite materno. No caso do Coronavírus, o que existe é a proteção”, ressalta a nutricionista Vanda Marvão, assessora técnica do Banco de Leite Humano da Santa Casa.

Mas a nutricionista esclarece que, em casos de pacientes internadas ou com bebês internados na Santa Casa, cada caso será avaliado, considerando o estado de saúde e a escolha da paciente em amamentar ou não, conforme se sinta confortável, e também a opinião da família e do profissional de saúde responsável por sua avaliação.

“Para mães confirmadas ou em investigação para a Covid-19, a orientação é que o início e a continuidade da amamentação devem ser determinados pela mãe junto com sua família e profissionais de saúde. Caso exista alguma intercorrência, a separação da mãe e bebê pode acontecer, como no agravamento das condições de saúde materna. Caso contrário, é possível que mãe e filho permaneçam em sistema de alojamento conjunto até a alta hospitalar”, explicou Vanda Marvão.

Em alguns casos, a mãe poderá optar por não amamentar, preferindo retirar o leite e oferecê-lo à criança em copo ou colher, sempre seguindo recomendações de higiene repassadas por profissionais de saúde capacitados.

Controle de infecção – Como o cenário da pandemia tem mudanças contínuas, todos os procedimentos internos tomados pelo Banco de Leite, assim como as orientações repassadas aos pacientes, seguem em consonância com o que recomenda a Comissão de Controle da Infecção Hospitalar do Hospital (CCIH).

A infectologista da Comissão, Vanessa Santos, confirma que os estudos mais recentes não indicam que o novo Coronavírus possa ser transmitido pelo leite materno. Mas a médica ressalta que é importante a mãe com a Covid-19 ou suspeita da doença seguir algumas recomendações. “Ao amamentar, mesmo em casa, essa mãe com Covid-19 ou suspeita deve usar máscara cirúrgica (pois o vírus é transmitido por gotículas respiratórias), e na sua rotina deve seguir todas as recomendações de etiqueta respiratória, isolamento social e higiene das mãos. Cuidados também devem incluir a limpeza de superfícies em casa, especialmente onde tocamos muito com as mãos, incluindo maçanetas e fogão”, ressalta a especialista.

Essas são precauções que Carolina Caldas, 34 anos, que deu à luz seu primeiro filho em janeiro, na Santa Casa, vem mantendo, mesmo estando saudável. Caroline está muito bem informada sobre a importância da amamentação, e mantém o pequeno João, de três meses, em aleitamento materno exclusivo, com todos os cuidados para não se expor, e muito menos a criança, a uma contaminação.

“Não estamos saindo de casa, a não ser para vacinas e médico. As outras coisas, fora de casa, meu esposo faz. O pediatra passou vitaminas para o bebê pra aumentar a imunidade dele por causa do período chuvoso, pois poderia ficar resfriado. Eu também estou tomando vitaminas, chás e fazendo uma alimentação saudável também para aumentar a imunidade. Estou amamentando em livre demanda. Não dou água e nem chás pra ele; só leite materno, como orientou o pediatra pra não cair a imunidade e ele ficar protegido”, informa Carolina Caldas.

Recomendações – A proteção citada pela mãe de João é o que justifica a recomendação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano para manter a amamentação em tempos de Covid-19, mesmo para mães com suspeita ou confirmação da doença. E para que essa medida seja segura, a Rede lista alguns cuidados necessários:

1. Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos antes de tocar o bebê ou antes de retirar o leite materno (extração manual ou na bomba extratora);

2. Usar máscara facial (cobrindo completamente nariz e boca) durante as mamadas, e evitar falar ou tossir durante a amamentação;

3. A máscara deve ser imediatamente trocada em caso de tosse ou espirro, ou a cada nova mamada;

4. Em caso de opção pela extração do leite, devem ser observadas as orientações disponíveis no documento: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_mulher_trabalhadora_ama menta.pdf

5. Seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das bombas de extração de leite após cada uso;

6. Considerar a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para oferecer o leite materno em copinho, xícara ou colher ao bebê;

7. É necessário que a pessoa que vá oferecer ao bebê aprenda a fazer isso com a ajuda de um profissional de saúde.

Doações e atendimentos – O Banco de Leite continua precisando de doações de leite materno e de recipientes de vidro (com tampa plástica) para armazenamento. As doações são essenciais para a nutrição e melhoria da saúde dos bebês prematuros que nascem na Santa Casa. Para a doação são adotados critérios que consideram o bom estado de saúde da doadora, além de medidas de higiene, permanentemente reforçadas. Além disso, o Banco segue rigorosos métodos de controle de qualidade, garantindo a nutrição dos recém-nascidos.

“O processamento e o controle de qualidade garantem a eliminação de micro-organismos patogênicos do leite humano”, garante a nutricionista Vanda Marvão.

Já o Serviço Ambulatorial de Apoio e Orientação do Banco de Leite Humano, que atende mães não internadas na Santa Casa, é disponível pelo telefone: (91) 4009.2318.

Durante a pandemia de Covid-19 apenas casos graves, como o de mães com mastite (inflamação nas mamas) ou ingurgitamento mamário devem procurar o Banco para avaliação e orientações.

Mães que quiserem doar podem fazer o cadastro no site da Santa Casa: santacasa.pa.gov.br ou ligar para (91) 4009.2212/4009.0375/4009.2311, ou ainda pelo Whatsapp: 98423.9845.

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