Após ficar internado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e um longo tempo acamado, o autônomo Bejoelson Santos, de 43 anos, experimentou a sensação de liberdade de um passeio, com um passeio terapêutico, enquanto ainda estava internado em uma enfermaria da Santa Casa. A experiência integra uma série de cuidados interdisciplinares oferecidos para pacientes internados em enfermarias.
“O passeio terapêutico é uma prática da terapia ocupacional que temos implementado com pacientes da clínica médica e que desenvolvemos de forma integrada com a fisioterapia e com o apoio de toda a equipe que acompanha o paciente hospitalizado e também com a família. Os pacientes indicados são os de longa permanência hospitalar, que vivenciam o processo de hospitalização. O passeio inclui também o atendimento ao ar livre, mudando a rotina e favorecendo a ambiência. Isso contribui com a adesão ao tratamento clínico do paciente”, explica a terapeuta ocupacional da Santa Casa, Clévia Dantas.
Os pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e outras áreas da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA) contam com equipes multiprofissionais super especializadas, um avanço em termos de tratamento e nesta equipe estão fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
A médica intensivista Nelma Machado diz que como o paciente grave demanda múltiplos cuidados de diferentes áreas da saúde, o trabalho associado melhora os prognósticos e acelera a alta dos pacientes internados.
“A gente cria grupos de assistência individualizada todo dia, na beira do leito. É a equipe de referência ao lado do doente para que a gente consiga redobrar esse cuidado com o paciente e nesse olhar individualizado a gente faz o atendimento. O atendimento é uma rotina que busca o interesse maior de cada paciente”, relata a médica.
Esse referencial de atendimento ao paciente tem no trabalho do fisioterapeuta o seu reconhecimento na Santa Casa, como esclarece Aureni de Araújo. “A Santa Casa por ser um hospital voltado ao ensino e assistência, tem possibilitado educação continuada em serviço, favorecendo a qualificação dos servidores fisioterapeutas”.
“Assim a fisioterapia está inserida no meio hospitalar nas diversas clínicas com atenção voltada média e alta complexidade. Assistindo aos pacientes desde a internação até sua alta com procedimentos baseados em evidências e pautados na segurança do paciente, além de favorecer uma estada humanizada ao paciente durante sua internação”, destaca Aureni.
Para Ester Miranda, terapeuta ocupacional da Fundação Santa Casa, além de integrar a equipe multiprofissional, o Terapeuta Ocupacional possibilita a promoção da qualidade de vida e da autonomia do indivíduo, nas diferentes fases da vida. “Em ocupações como atividades de vida diária, educação, trabalho, brincar e participação social, por meio de estímulos motores, sensoriais, cognitivos, lúdicos, adaptações e estratégias de ambiência, além de contribuir para a adesão do paciente e de sua família ao tratamento”.
“Sua prática está embasada numa concepção de integralidade do sujeito, levando em conta não apenas os aspectos clínicos do adoecimento, mas também todo o contexto de vida e as implicações da hospitalização (afastamento da família e das atividades cotidianas, enfrentamento de procedimentos dolorosos, notícias difíceis e rotina hospitalar). Sua prática está pautada na empatia, acolhimento e cuidado integral e humanizado do paciente”, relata a terapeuta.
Experiências – O dia 13 de outubro é comemorado o Dia Nacional do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional, a data foi escolhida por representar o dia da criação dessas profissões que era comemorada anualmente pela categoria. Em janeiro de 2015, foi sancionada a Lei nº 13.084, que estabeleceu oficialmente a celebração da data em todo território nacional. Atualmente a Fundação Santa Casa conta com a força de trabalho de 78 Fisioterapeutas e 14 Terapeutas Ocupacionais.
Fernanda Lobato, terapeuta ocupacional, com atuação na área renal pediátrica da Santa Casa, diz que o trabalho do terapeuta no ambiente hospitalar favorece o acolhimento e a adaptação da criança ao seu processo de tratamento, principalmente relacionado à doença crônica, onde esse tratamento vai ser de longo prazo. “Toda a mudança que ocorre na rotina de vida e na rotina da criança e da família, precisa ser incorporada porque ela vai precisar agora se adaptar também a uma rotina hospitalar”.
“O terapeuta por meio do vínculo terapêutico, por meio das abordagens peculiares da infância, que é o lúdico, brincar, a expressividade, ele favorece esse contato da criança com esse novo ambiente para ajudar ela a enfrentar o processo de tratamento, que muitas das vezes é bastante rígido, doloroso, e também contribui para que ela possa concluir. Compreender essa realidade e encarar de uma forma mais positiva e resiliente. E a gente acredita que o nosso papel é fundamental para desenvolver essa autonomia, para que ela possa aprender a se auto cuidar, para que ela não venha a ter impactos no desenvolvimento, que ela consiga, apesar do adoecimento, continuar o seu processo de aprendizagem, seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo”. Relata Fernanda.
Reinaldo da Silva Ferreira ,fisioterapeuta que gerencia o Núcleo Biopsicossocial da Fundação Santa Casa, relata que ao longo dos últimos anos, a presença de fisioterapeutas no ambiente hospitalar se expandiu, acompanhando os avanços tecnológicos e científicos na área da saúde. “Equipamentos modernos, como ventiladores mecânicos e dispositivos de monitoração respiratória e técnicas como a ventilação não invasiva e a mobilização precoce, permitem uma intervenção mais eficaz, resultando em recuperação mais rápida e redução do tempo de internação do paciente.”
“Entre os principais benefícios da fisioterapia hospitalar, destaca-se a prevenção de complicações respiratórias e motoras em pacientes acamados, a redução do risco de infecções pulmonares, além da melhora na circulação sanguínea e na força muscular. Esses cuidados são fundamentais, especialmente para pacientes com doenças crônicas, pós-operatórios ou aqueles em condições críticas. A mobilização precoce, por exemplo, ajuda a prevenir fraqueza muscular adquirida na UTI, acelera o retorno às atividades diárias e reduz sequelas a longo prazo”, enumera o fisioterapeuta.
Reconhecimento – Elineth Valente, fisioterapeuta que além de coordenar o Complexo Ambulatorial da Fundação Santa Casa, é presidente do Crefito 12 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 12ª Região), destaca que a fisioterapia e a terapia ocupacional se consolidaram, em especial na última década, como profissões de suma importância para a assistência integral à saúde da população.
“Uma das vertentes de maior impacto no SUS é a universalidade, a equidade e a garantia de uma assistência de qualidade, e esses dois profissionais são imprescindíveis para que a população tenha este tipo de atendimento. Nós crescemos e avançamos em vários aspectos. A fisioterapia cresceu em áreas de atuação e especialidades, ampliando seu escopo de assistência e inserção” .
Elineth enumera ainda que a terapia ocupacional tem tido uma visibilidade surpreendente nos últimos anos, em especial por conta da alta demanda que tem tido, em especial, ao espectro autista. “Mas não só por isso, porque a sociedade se atentou para que esse profissional é capaz de devolver qualidade de vida e funcionalidade . Então, são duas categorias em franca evolução e que com certeza tem que ser vistas desta forma por todo o sistema de saúde, seja ele público ou privado”.
Para a fisioterapeuta Aureni de Araújo a garantia do sucesso é sem dúvida pautado no aprimoramento contínuo e na ética o que gera um profissional com qualificação e adequação para ser inserido de modo seguro nos diversos cenários hospitalares e ou ambulatorial.
“O importante é ter conhecimento, habilidades e competências baseados na ética e pautados na humanização na assistência. Na próxima quarta-feira (16) estaremos fazendo um evento em comemoração ao dia do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional, onde vamos discutir temas como gestão, ensino, assistência e boas práticas”, informa Aureni.
Data de Publicação: 2024-10-22 15:02:12